segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Choro da Mãe Dágua

Vazamento de óleo no Golfo do México

Tive formação Cristã na marra.
Digo isso porquê nunca me identifiquei com o Cristianismo, seja lá qual for o tipo de Franquia. Aliás, é o que mais me incomoda na verdade :
A Franquia de Jesus.
Não tenho nada contra a pessoa, mas como seus seguidores conduzem seu rebanho.
Mas como dizia o pai de uma velha amiga: "A Religião é o freio do ignorante" e reconheço que muitos espíritos imaturos, jovens e inconsequentes somente conseguem conviver pacificamente em sociedade se estiverem ancorados a uma religião bem castrante. E ainda assim boa parte "pula a cerca" de vez em outra.
Mas não estou aqui para achar nada e nem discriminar ninguém.
O Brasil é um país LAICO, graças a Deus, e todos os credos devem ser respeitados.
Na minha formação espiritual desta vida, fugi das velhas doutrinas repetitivas e me refugiei um bom tempo no IIPC.
Lá eu me encontrei. Assuntos como desencarnação, projeção da consciência, regressão de vidas passadas, clarividência e etc eram tratados sempre com muita naturalidade e esclarecimento.
Sendo assim, enterrei minhas curiosidades sobre religiões e lia sobre uma ou outra por mera curiosidade científica.
Mas recentemente minha vida dera uma estagnada e Homem Gavião estava sendo atacado pela ex-mulher: inconformada com a separação, queria a todo custo manter o casamento.
E para isso procurou uma Feiticeira de Candomblé. Ou seja, falando curto e grosso: a mulher mandou fazer várias amarrações, para que Homem Gavião desistisse do divórcio. Motivo? Dinheiro e estatus. Não queria posar de separada para as amigas. Lindo.
Daí eu me vi sem chão. Eu tinha plena consciência das entidades perversas convocadas pela tal Feiticeira estavam atrapalhando a nossa vida. Nem deixavam eu conversar direito com meu marido e me atacavam quando eu estava perto dele. Ele teve problemas graves no seu trabalho e por pouco não foi demitido.
Por mais evoluída e madura estivesse minha consciência, eu não sabia revidar! Não conseguia nos defender!
Aos poucos, fui aprendendo a pedir a benção e a proteção dos Orixás e conheci um mundo completamente novo.
Aprendi a pedir a proteção de OGUM, e ele varreu nossos inimigos, fechou os caminhos do mal e abriu os caminhos do bem. São entidades muito antigas e muito boas. Em troca da ajuda e proteção, pedem um oferenda simples que deve ser oferecida com carinho e de coração e que pratiquemos a caridade.
OGUM gosta de feijão preto, cerveja e carne. Eles absorvem a essência do alimento.
Claro que tem as linhas baixas, entidades maléficas. Mas , como todo e qualquer lugar que se preze , depende de cada um escolher as suas companhias.
Ogum, Oxum, Iansã e Oxalá me ajudaram demais nos últimos tempos com minhas dificuldades e problemas.
Não me considero Umbandista, mas respeito e admiro tremendamente entidades tão generosas e poderosas.


Ano passado, por causa da demora da separação do meu Gavião, por muito pouco não perdemos nossos filhos. Os mestres alegavam que eu estava demorando demais e que eles tinham que encarnar. Então os encaminharam para outra família. Se despediram de nós com muito choro e tristeza. Eu e Homem Gavião ficamos arrasados. Eles sumiram. Não apareciam mais em nossos sonhos ou vinham conversam conosco. Não sentíamos mais suas risadas ou brincadeiras.
Era como se ficasse um grande vazio.
Foi horrível, mas não podíamos fazer mais nada a esse respeito e tínhamos que respeitar essa decisão.
Certo dia, o Xamã veio em forma de Naja:
- A mulher da outra família, na qual encaminharam teu filho, Menino Gavião, perdeu a barriga.
Menino Gavião não queria nascer lá. Mas eu não quis inerferir, já que ele precisava encarnar e eu não conseguia resolver meus problemas a tempo.
Mas ele não tinha vínculo cármico com a nova família.
A gestação não aguentou a rejeição e desceu logo nos primeiros meses.
O jovem casal ficou aborrecido, mas iriam tentar novamente.

Fiquei sem reação quando soube da notícia. Ainda assim, não tínhamos contato com eles, mas estava aliviada por ele ainda não ter encarnado.
Assim, fui para a praia decidida a tentar resolver a questão.
Não moro na praia, tenho pouco contato com o mar e com as homenagens a Iemanjá.
Como disse antes, nunca havia estudado ou conhecido os Orixas.
Mas resolvi arriscar. Comprei uma chupeta de criança azul e coloquei ela dentro das minhas roupas. No outro dia, caminhei pela praia até chegar a uma belíssima estátua de Iemanjá na Praia Grande. Acendi uma vela para ela, ofereci uma rosa e entrei no mar com a chupeta. Expliquei minhas desventuras e minha situação atual e que não queria perder meus filhos de novo.
Mergulhei e soltei a chupeta no mar.

No outro dia, tomando sol e distraída, Menino Falcão aparece gritando na minha orelha:
-Mãe, Mãe, o que vc fez Mãe?
-Oras, eu pedi ajuda a Iemanjá para poder ficar com vcs, por quê?
-Mãe, ela foi até a nossa escola com a chupeta que vc deu a ela, e exigiu nos levar para vc. Os mestres tentaram intervir, mas ela olhou feio para eles, então eles abaixaram a cabeça. A gente não vai mais para outra família, vamos ficar com vcs!!!

Eu, lá na praia, torrando no sol de 11 da manhã fiquei ouvindo aquilo, fiquei passada. Não imaginava nem em meus sonhos mais loucos que uma entidade tão poderosa, a Mãe das águas, a Mãe da vida, fosse em meu socorro tão rapidamente. No outro dia, em agradecimento, ofereci-lhe um manjar com mel e rosas brancas. Agradeci muito. Sempre que ela pode, Iemanjá leva meus filhos no barco para passearem com ela. Escuto isso e quase choro. Quando meus meninos vierem, vou abençoar a barriga em suas águas e agradecer com presentes para ela.
Assim que os meninos vierem ao mundo, faço questão de batizá-los em suas águas em agradecimento.
E eu sei que ela já está esperando por isso.

Mas ultimamente meus meninos não a tem visto muito.
Com o derramamento de petróleo no Golfo do México, todas as entidades do mar estão trabalhando, muito alertas e preocupados.
- Ela está muito triste mãezinha, disse Menino Falcão. Os homens fizeram besteira e não conseguem estancar o vazamento de óleo. É como se um ferimento dela estivesse aberto, disse ele. Ela está muito preocupada.


Fico arrasada ao ouvir isso. Queria muito ser um super-herói de verdade para voar até lá e ajudar a conter o vazamento.
E meter muita, mas muita porrada nos responáveis.
Toda a natureza chora.
Toda a natureza sofre nesse triste momento.





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