quinta-feira, 20 de maio de 2010

O fino Limiar entre o Narcisismo patológico e o cuidar-se

Reza a velha lenda que Narciso de tanto se admirar no espelho dágua, caiu no lago e se afogou na própria imagem.
Neste novo século, fico pasma ao folear as páginas de revistas de celebridades ( no salão de beleza, não as compro pelamordedeus) e assistir de camarote centenas de celebridades: homens, mulheres, bonitos, feios , novos e velhos , se afogarem até a tampa em botox, preenchimento labial, silicones, implantes e etc.
E em consequência desta busca enlouquecida, todos querem entrar no bonde das estrelas.
E parece que todo mundo já perdeu a noção do ético/anti-ético e do ridículo. Sejam médicos, ou pacientes.
Quase que semanalmente vejo na tv alguma infeliz que resolveu fazer uma lipolightescultura sei lá o quê e morreu de infecção generalizada. Daí entrevista a família, as testemunhas e descobrem que a clínica era clandestina, sem higiene, nos fundos de uma casa e que ela pagou uma mixaria em 20 prestações. Ou seja, já de cara tinha tudo para dar errado, mas mesmo assim, ela foi lá. Pagou e se submeteu a procedimentos pseudo-médicos extremamente duvidosos. E mesmo com tanta notícia ruim, as mulheres deram um basta? Nem pensar!
Felizmente são casos isolados, de charlatães que aproveitando a grande demanda, convencem pessoas ingênuas a entrarem literalmente na faca.
Daí eu fico pensando, será que realmente, com tanta tecnologia hoje, a medicina estética realmente consegue rejuvenescer ou manter uma idade mais jovem sem ficar com cara de Elza Soares?
Mas daí vejo o rosto de Donatella Versace...Madonna..Até a Sheila Carvalho, tão bonita ficou estranha. A busca ansiosa pela pele perfeita, medidas perfeitas estão deixando todo mundo igual, sem graça e esquisitos.
Me conforto em ver que mesmo as endinheiradas e que vivem da imagem, não têm obtido um resultado satisfatório. E pior, estão cada dia mais expostas ao ridículo.
Recentemente li uma curiosa matéria, que praticamente navega ao contrário dessa forte maré. Os estúdios de Hollywood, estão descartando atrizes que tenham colocado silicone, botox, preenchimento, implantes, lentes de contato, etc. Alegam que esse tipo de perfil não cativa o telespectador, que não se identifica com os personagens, e com o exagero, todo mundo acaba ficando com a mesma cara. Nada mais óbvio.
Talvez somente assim, em um grande suspiro de lucidez, Hollywood pode dizer ao mundo e as mulheres:
-Parem! Vocês estão ficando ridículas!!!
E existe a grande chance de elas escutarem, afinal, Hollywood é Hollywood.
A vaidade, a auto-estima, o cuidar-se é de todo válido. Mas para o capitalismo selvagem para variar, vende-se uma enxurrada de tratamentos, a maioria desnecessários para alimentar um mercado que cresce diariamente.
Se amar demais é pecado? Cuidar-se? Talvez quando começa a comprometer a saúde em tratamentos arriscados, com certeza sim.
Querer a todo custo fazer parte de um padrão irreal de beleza (a maioria das fotos em revistas femininas e masculinas são retocadas no Photoshop) com certeza é danoso à saúde.
Não se amar, não se cuidar também é pecado.
Se não estamos impecáveis, como vamos sonhar com um bom emprego, uma entrevista, uma colocação no mercado, um amor?
O Equilíbrio, sempre ele. Nem 8, nem 80.
Cada um deve achar o seu ponto de equilíbrio e se harmonizar com ele.
Afinal, se a gente não se cuidar, quem cuida?


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