quarta-feira, 13 de abril de 2011

Reencarnação e o medo da morte

Escrito por XAMÃ


“Se eu pudesse começar de novo
A milhões de milhas daqui
Eu conseguiria me manter
Eu acharia um caminho.”
- Johnny Cash, Hurt

A chuva cai impiedosamente.
Crianças e mulheres estão assustadas temendo o seu futuro, os homens permanecem ajoelhados erguendo os braços aos céus, pedindo perdão e calma aos deuses. Mesmo que os grossos pingos acertem sua pele como uma pedra e mal consigam respirar e enxergar.

Apesar da força da água, permanecem firmes orando na esperança que os deuses se acalmem, até lá o medo permanece.

Seres humanos faziam isso milênios atrás, hoje todos sabemos que a chuva se trata de um fenômeno natural e não de deuses enfurecidos. Da mesma forma que os navegadores não temem mais cair no abismo da Terra, já que se provou a tempos que ela é redonda.
As mesmas pessoas que temiam a chuva e o abismo do fim do mundo viveram muitas vidas depois. Algumas estão encarnadas, outras residem no plano espiritual.

Talvez ao se lembrarem do que faziam antes, iriam rir de si mesmas. O ponto em questão é: mesmo com o entendimento da reencarnação, um dia não temeremos mais a morte?

Já li e escutei muitas pessoas dizerem que não temem a morte, que ante uma situação de perigo não temeu pela vida, e que se morrer, morreu. Certo, a grande maioria dos homens de fato age dessa maneira, mas a verdade é que sim, temos medo de morrer, e eu, mesmo andando no espiritual e interagindo de forma lúcida com ele, não sou exceção.

O grande medo em minha opinião é o fim da própria existência, não respirar mais, não sentir mais, vir do pó e ao pó retornar, adentrar no desconhecido, sem saber se vai gostar do resultado.


O grande sonho de muitos é ter sempre a pele mais jovem e viver por muitos e muitos anos, e porque não, ser imortal? Viver pelo mundo como a mesma pessoa, com a mesma aparência?


Eternidade?


Chato.

Chato demais. Não me refiro a ver o que o mundo tem de bom, ver as maravilhas tecnológicas inspiradas por guias do outro mundo, mas ser SEMPRE a mesma pessoa, ter sempre as mesmas inquietações, hábitos e dores, viver por toda eternidade temendo cometer mais uma vez o mesmo erro, sofrer por toda eternidade por uma perda, algo irremediavelmente perdido.

Muitos querem ser como no filme “Highlander” e suas (descartáveis) sequências: ter a mesma aparência e estar sempre com as mesmas lembranças de todas suas vidas sem nunca poder morrer e descansar.



Porém, percebam que até mesmo no filme, os imortais sentem vontade de morrer, por estarem cansados de atravessarem os séculos sem nunca descansar, lembrando de toda a bagagem que trazem através do tempo.

Os seres humanos SÃO imortais, porém nossa mentalidade limitada nos impede de ver além. O corpo físico sim, se finda, nosso espírito não. Vivemos um processo aonde podemos aprender com os erros, com nossa vivência terrena e por fim recomeçar.


Quantas vezes não pensamos em recomeçar do zero, em outro lugar? Deixar o passado para trás e viver uma vida nova? É exatamente isso que nós temos em mãos. A cada reencarnação temos a possibilidade de fazer melhor, de não só aprender com os erros, mas também superá-los, e por fim, viver uma experiência nova.

Somos atores no palco da vida, vivendo vários filmes como personagens diferentes, interpretando variados papéis.

Mudamos nosso corpo, nosso sexo, país, etc. Mas por dentro somos a mesma pessoa. Só quando entendermos isso seremos capazes de entender o que realmente é a imortalidade.

O espírito é imortal, eterno. O corpo é uma carcaça útil, mas descartável em seu devido tempo.


Ser um novo ser humano é uma benção, um novo sopro de vida e de confiança em Deus, na humanidade. Uma nova chance de deixar um mundo melhor, de evoluir.

Pois no dia que não nascermos mais, então com o perdão da palavra: fudeu...

Ou o Grande Pai acha que já alcançamos a perfeição (duvido) ou desistiu da humanidade (mais provável).

Claro, existem os medos, a dor, as decepções e tristezas, a vida é assim, quem lhe disser o contrário está querendo lhe vender algo, mas vamos por um instante no que vale a pena:


Por mais que tenhamos momentos tristes em nossas vidas, ao o que nos apegamos quando estamos sozinhos ou à beira da morte? O que pensaria se pudesse ter uma lembrança, uma última e derradeira memória?


Não sei vocês, mas eu pensaria nas pessoas que eu amo, nos amigos queridos e em momentos felizes.


A sensação de reencontrar um amor, uma pessoa querida de outra vida, se apaixonar mais de uma vez, mais de uma vida pela mesma pessoa, poder reencontrá-la e repetir a aflição e nervosismo do primeiro encontro, da primeira vez, ter filhos, poder tê-los em nossos braços e nos emocionarmos com isso.
Ter a estranha e agradável sensação de que já riu ao lado de um grande amigo, poder viver as coisas boas da vida.
A tristeza nos faz querer esquecer e mudar geralmente pra bem longe,e nos fazer recomeçar, mas só quando temos a felicidade é que nos sentimos realmente mudados.


Cada vez que reencarnamos vivemos tudo de novo como se fosse a primeira vez. Essa é a verdadeira dádiva da reencarnação, aprender com as nossas vivências e sentir as mesmas sensações com se nunca tivéssemos vivido antes.


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