quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Entre a Espiritualidade e o Dinheiro

Quando escrevi o texto “Médium de Passagem”, disse que dificilmente um médium seria rico, mas também escrevi que quando damos passagem alcançamos uma relativa estabilidade financeira e emocional (ainda assim sempre ocorre um “aperto” aqui e ali nas contas e sempre teremos algum tipo de stress com problemas pessoais e familiares, não vamos dourar a pílula).

Ainda assim há quem ganhe dinheiro tendo como ramo de atividade o outro lado da vida.

Chamados muitas vezes de charlatães, aproveitadores, etc, é correto ter como meio de vida a lida com o espiritual? 

Não falo somente das cartomantes e adivinhos, incluo aqui desde os “médiuns” do “Dr. Fritz” até os “Padres Marcelos” da vida.

Sempre acreditei que cada caso é um caso, mesmo em qualquer ramo profissional existem os bons e maus elementos, os profissionais dedicados e os encostados. 

A idéia no meu texto não é fazer uma caça às bruxas, mas uma análise mais fria que muitas vezes falta as duas partes: 
- Os críticos e os defensores. 

Como médium que bate papo com espíritos todos os dias e como amante dos pensadores ocidentais, tento tomar o distanciamento necessário para escrever sobre o tema. 



Pessoalmente não gosto desse tipo de ramo como modo de vida, o que é difícil por um
lado, já que um dos meus guias é um cigano, e uma das minhas críticas aqui será em relação a cartomantes.

Pois bem, acho sempre válido qualquer forma de conhecimento em relação a si mesmo, falo das pessoas que procuram a leitura da sorte, da mão, búzios etc, atrás de
orientação para fatos de sua vida ou esteja atrás de uma cura após serem desenganado pelos médicos.

O problema é quando usam seus “talentos” para angariar fãs, enganar pessoas (que não raramente QUEREM ser enganadas) fazer publicidade e assim acabarem ricos. 

Que um cartomante cobre por uma consulta vá lá, ele separou um momento de sua vida para atendê-lo, agora reservar horários na TV com um “Tele-Tarô”, anunciar nas mídias (jornal, lista telefônica etc), ter “assessor de imprensa” para falar com ele, morar numa bela casa com funcionários, tudo pago com leitura da sorte anunciada em todas as mídias possíveis?

Não digo que todos são charlatães, mas aonde fica a famosa caridade, humildade e trabalho?

Alguém aí se lembra de Chico Xavier desfilando em carrões, morando numa mansão e
anunciando na TV rádio, etc, seu novo livro? 

Ou quem sabe uma “tele-carta”? “ Deposite valor x na nossa conta agora e receba em casa uma mensagem do seu ente querido com o autógrafo do grande Chico! E não é só isso! Receba também um cupom promocional para compra de
qualquer um de seus livros!”

Não consigo imaginar isso! Chico Xavier sempre morou numa casa simples, sempre distribuiu alimentos, roupas, fraldas, etc, no seu centro, sempre rejeitou a autoria de suas obras, e sempre destinou o dinheiro delas à caridade. O desapego material eleva o espírito.

Difícil confiar num conselho vindo de um serviço semelhante a tele-marketing. 
De repente sim, quem está do outro lado da linha (sendo remunerado óbvio) até saiba o que está falando, mas no modo como é feito acaba por vulgarizar algo que deveria ser especial, mas virou simplesmente um comércio.

Médiuns e Pseudo-Médiuns

Gosto de separá-los assim, pois existem as pessoas de fato dispostas a trabalhar em prol da caridade e aquelas que deturpam esse ideal atrás de dinheiro, vendendo uma “cura espiritual”.

Allan Kardec fala disso em vários textos, como no capítulo XIV do livro "A Gênese", por exemplo, se refere à ação dos fluidos sobre a matéria, e ao pensamento lógico de que esse conhecimento espírita deveria ser aplicado para ajudar o corpo físico dos seres humanos – ou seja, na cura de doenças- mas acaba sendo deturpado.

O problema todo começa quando vêem na oportunidade do tratamento uma fonte de renda, e nada mais além disso. 

Lembram-se de Rubens Farias Jr.? O “médium” do Rio de Janeiro que cobrava estacionamento, aluguel de cadeira, além de 20 reais por uma consulta com o “Dr Fritz”? 

Sim, o mesmo Dr. Fritz do Zé Arigó, dentre tantos outros, uma rápida pesquisa no Google achamos mas 2 ou 3 que sempre cobram módicas quantias pelo atendimento.

Aqui um pouco sobre eles.

Evangélicos e Oportunistas

Também faço uma separação aqui, pois há muitos evangélios de bem, enquanto muitos oportunistas ganham dinheiro em nome de Deus. 

Pode não haver passes espirituais ou incorporação etc, mas também há vários casos de pastores que proclamam cura dos fiéis elevando o seu nome e de sua igreja, fazendo assim ganharem mais dinheiro com os dízimos.

Recomendo por exemplo a ótima reportagem do Conexão Repórter ”A Criança e a Fé”:
 
Vê o homem que recebe a benção da menina?
Morreu um dia depois de receber a "benção" e estar curado


Por mais críticos que sejam em relação a umbandistas espíritas etc, os pseudo-evangélicos usam a mesma receita: 

Doações “em nome de Deus”, milagres (também em nome de Deus) e doações para continuarem com a obra de Deus (vai ser difamado assim lá longe).

Também em todos os casos, muitas vezes pedem que os doentes parem de tomar seus remédios, afinal, estão “curados”. 
Veja mais clicando aqui.
 

Cartomantes, astrólogos etc

São na minha opinião os mais sutis. Não precisam dar passe, não precisam fazer pregação, apenas leitura da sorte, mapa astral e ocasionalmente ter uma “visão”.

Mais uma vez lembro: existem pessoas sérias e os oportunistas.

Os cartomantes sempre dizem que deve se cobrar pela consulta, sim perfeito, agora imagine um número de telefone com cartomantes atendendo o tempo todo.

Alguém lembra do Walter Mercado (ligue djá)?
 

Bom, o mesmo mudou o nome para Shanti Ananda, por causa de uma revelação em sonho segundo ele mesmo, mas seus negócios continuam a todo vapor.

Claro que qualquer um dessas vertentes que ler meu texto pode se sentir ofendida, mas ninguém pode dizer que sua prática não possui maus elementos.

Os pastores da universal simplesmente arrebatam milhões por mês para os cofres da Record, mas eu vi projetos sociais muitos bonitos em um devastado nordeste, ao mesmo tempo em que vejo picaretas dizendo ser “Dr. Fritz” (este que nunca teve provas de sua identidade terrena), vejo muitos espíritas trabalhando em centros por pura caridade.

O mesmo Walter Mercado que critiquei acima, é o mesmo que doa constantemente somas generosas em dinheiro para instituições de caridade.

Então, você que lê isto deve se perguntar o que quero dizer com tudo que escrevi, em ummomento critico, noutro elogio.

Infelizmente a fé também se trata de um negócio, muitas vezes lucrativo, talvez no início alguns destes aproveitadores tinham como meta a pura fé e caridade, mas deixaram se levar pela ganância, abandonando e deturpando tudo aquilo que estavam construindo em prol de um bem maior.

Pode até ser também que, alguns destes famosos mesmo ricos estejam trabalhando pela fé e caridade, porém quanto mais ricos, mais influentes, mais afetados pela política, pela mídia etc, e com isso o caminho correto pode ser desvirtuado.

A linha do que é correto ou não é tênue como uma linha de cabelo, tantas vezes nos perguntamos de que lado estamos, que não percebemos que muitas vezes estamos caminhando sobre ela.